Francisco escreve prefácio do livro de Carlo Petrini, fundador do Slow Food, e do jesuíta Gaël Giraud, intitulado "O gosto de mudar - A transição ecológica como caminho para a felicidade". Uma obra que mostra a possibilidade concreta para um futuro possível em nível individual, comunitário e institucional ao cuidar da casa comum, consumindo menos coisas e vivendo relações mais pessoais.
Por Andressa Collet / Vatican News
O Papa Francisco escreveu o prefácio do livro "O gosto de mudar - A transição ecológica como caminho para a felicidade" (2023), dos autores Gaël Giraud e Carlo Petrini, que chega às bancas em língua original italiana nesta quarta-feira, 17 de maio.
A obra de 156 páginas, publicada em conjunto pela Livraria Editoria Vaticana e Slow Food Editor, é uma das grandes novidades do Salão Internacional do Livro da cidade italiana de Turim, que começa nesta quinta-feira (18). O texto é o resultado de um diálogo entre Carlo Petrini, sociólogo, ativista italiano e fundador da Associação Slow Food, e Gaël Giraud, jesuíta, economista, teólogo e matemático, professor da Universidade de Georgetown em Washington.
"Este livro gerou em mim um sabor de esperança, de autenticidade, de futuro", escreveu o Papa no prefácio, que ganhou destaque na contracapa da obra. Esse "verdadeiro gosto pelo bonito e pelo bom", disse Francisco, vem através de uma "narração crítica" em relação à situação global, com "análise fundamentada e convincente do modelo econômico-alimentar no qual estamos imersos" e com propostas práticas de cuidado com o bem comum. "Críticas do que está errado, histórias de situações positivas: uma com a outra, não uma sem a outra", continuou o Pontífice no prefácio.
Em seguida, Francisco enalteceu que o livro é resultado do diálogo entre "Petrini e Giraud, um ativista de 70 anos, o outro um professor de economia de 50 anos, ou seja, dois adultos" que encontram nas novas gerações motivos de confiança e esperança, aqueles que "incorporam a mudança de que todos nós precisamos objetivamente. São eles que estão nos pedindo, em várias partes do mundo, para mudar. Mudar nosso estilo de vida, tão predatório em relação ao meio ambiente. Mudar nossa relação com os recursos da Terra, que não são infinitos. Mudar nossa atitude em relação a elas, as novas gerações, de quem estamos roubando o futuro". E os jovens fazem isso manifestando e fazendo escolhas responsáveis sobre alimentos, transporte e consumo: "os jovens estão nos educando sobre isso!", escreveu o Papa.
"Os dois autores apontam caminhos operacionais para o desenvolvimento econômico sustentável e criticam o conceito de bem-estar que está em voga atualmente. Aquele segundo o qual o PIB é um ídolo ao qual todos os aspectos da convivência são sacrificados: respeito ao meio ambiente, respeito aos direitos, respeito à dignidade humana", disse Francisco, ao afirmar que ficou impressionado sobre as origens históricas do PIB, em plena era nazista, com a referência da indústria de armas.
"Os dois autores apontam caminhos operacionais para o desenvolvimento econômico sustentável e criticam o conceito de bem-estar que está em voga atualmente. Aquele segundo o qual o PIB é um ídolo ao qual todos os aspectos da convivência são sacrificados: respeito ao meio ambiente, respeito aos direitos, respeito à dignidade humana", disse Francisco, ao afirmar que ficou impressionado sobre as origens históricas do PIB, em plena era nazista, com a referência da indústria de armas.
Um crente e um agnóstico por um futuro possível
A natureza do livro, continuou o Pontífice, também é duplamente interessante. Primeiro, porque é produzido na forma de um diálogo, um "confronto que nos enriquece". Em segundo lugar, os dois interlocutores representam diferentes pontos de vista e origens culturais: Petrini, que se define como agnóstico, e Giraud que é jesuíta, "um crente e um agnóstico conversam e se encontram, embora partindo de diferentes posições, sobre diferentes aspectos que nossa sociedade deve assumir para que o amanhã do mundo ainda seja possível".
Uma discussão que identifica que o consumo excessivo e o desperdício elevado são "o mal da vida contemporânea", e que "o altruísmo e a fraternidade" são "as verdadeiras condições para que a convivência seja duradoura e pacífica". Diante da situação ambiental verdadeiramente crítica, "filha daquela 'economia que mata'" e que provocou o grito dos pobres e da Terra, sobretudo na África, "não podemos ficar indiferentes: seríamos cúmplices da destruição da beleza que Deus quis nos dar na criação que nos cerca", escreveu o Papa ao finalizar o prefácio:
“Acredito que este livro seja um presente precioso, porque nos mostra um caminho e a possibilidade concreta de segui-lo, em nível individual, comunitário e institucional: a transição ecológica pode representar uma área em que todos nós, como irmãos e irmãs, cuidemos da casa comum, apostando no fato de que, consumindo menos coisas e vivendo relações mais pessoais, entraremos pela porta da nossa felicidade.”
“Acredito que este livro seja um presente precioso, porque nos mostra um caminho e a possibilidade concreta de segui-lo, em nível individual, comunitário e institucional: a transição ecológica pode representar uma área em que todos nós, como irmãos e irmãs, cuidemos da casa comum, apostando no fato de que, consumindo menos coisas e vivendo relações mais pessoais, entraremos pela porta da nossa felicidade.”